quinta-feira, 27 de agosto de 2009

ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO


Alguns donos reclamam da dificuldade de deixar seu cão sozinho em casa, pois ele arranha a porta, late, chora, urina pela casa, etc. Em alguns casos, trata-se de um quadro de ansiedade de separação. Vamos entender?

O que é?
A ansiedade de separação é comportamento que se caracteriza por um intenso desconforto do cão quando se encontra longe de seu dono. Às vezes, dirige-se à família em geral e em alguns casos o apego é maior a uma pessoa específica.

Como identificar?
Cães que perseguem o dono pela casa, estão sempre em busca de atenção e pedindo colo, não ficam sozinhos em cômodos da casa e não comem se o dono não estiver junto podem ser candidatos à ansiedade de separação. Soma-se a isso uma ansiedade extrema quando longe do dono, com atuação do sistema nervoso simpático e parassimpático, causando salivação excessiva, descontrole urinário, defecação e tentativas compulsivas de sair atrás do dono, cavando portas, jogando-se contra janelas, chorando e latindo muito.
Muitos cães têm lesões graves por tentarem escapar de casa para ir atrás de seu dono, além do grande desconforto que a ansiedade em si gera, por isso, é um comportamento que deve ser prevenido e modificado.
Devemos tomar cuidado com a identificação desse comportamento, pois muitos sinais são característicos de outras questões comportamentais. Um especialista em comportamento canino é a pessoa indicada para diagnosticar a ansiedade de separação.

O que fazer?
Se as manifestações recém começaram e o seu cão nunca se machucou, comece um treinamento para que ele seja mais independente. Não deixe ele seguir você pela casa, entre no quarto ou banheiro e feche a porta. Dê um osso ou petisco em um cômodo e saia por alguns segundos desse cômodo, voltando antes que ele perceba a sua ausência.
Além disso, evite fazer muito alarde antes de sair de casa e ao chegar, pois um excesso de saudações só aumenta a ansiedade dele. Ignore-o 10 minutos antes de sair de casa e ao chegar, passe por ele sem olhá-lo e só dê atenção quando ele estiver mais calmo.
Você também pode simular saídas, com todos os passos que você normalmente faz: coloca o sapato, pega a bolsa, as chaves e sai. Fique alguns segundos e volte, ignorando-o. Aumente gradativamente o tempo da saída para que ele se habitue e perceba que você volta.
Esses exercícios também servem para prevenir a ansiedade de separação e o ideal é que sejam feitos desde que o filhote chega em sua casa, para que se adapte à sua rotina.
Exercícios físicos ajudam o cão a ficar mais calmo, especialmente se forem realizados antes do período em que ele permanecerá sozinho.
Caso seu cão apresente esse comportamento há algum tempo e/ou já tenha se machucado em decorrência de ansiedade de separação, chame um especialista para lhe ajudar. A intervenção nesses casos exige muito comprometimento e paciência do dono, mas lembre-se que é o bem-estar de seu cãozinho que está em jogo!

Existem predisposições?
Não há predisposições raciais e sexuais. Em geral, a ansiedade se desenvolve nos cães jovens e é bastante comum em filhotes separados muito cedo de suas mães, que exigiram um cuidado mais intenso por parte do dono.
O quadro pode se desenvolver após mudanças na rotina do dono (emprego, escola, viagem), mudança de casa, após estadia em canil.
Antes de diagnosticar a ansiedade de separação, deve-se descartar problemas médicos que podem explicar os sinais apresentados.

Cuidados
Caso seu cão já tenha se machucado em um episódio de sua ausência ou o quadro esteja piorando diariamente, nunca o deixe sozinho. Mesmo durante o treinamento, não é aconselhado que o cão permaneça sem supervisão, para que ele não se machuque e o treinamento não seja prejudicado.
Deixá-lo na PetCreche é uma boa solução, pois o ambiente pode distraí-lo e a equipe é treinada para receber cães com esse tipo de comportamento.

Texto: Joice Peruzzi, médica veterinária especialista em comportamento animal.


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