Hijras: ritual inclui a castração (Foto: www.pbase.com)Outro dia, vendo a novela Caminho das Índias, me chamou muita atenção um comentário feito pela personagem Laksmi, interpretada pela atriz Laura Cardoso. Durante o casamento de Raj (Rodrigo Lombardi) com Maya (Juliana Paes), ela explicava a uma de suas netas por que deveriam pedir a benção a um grupo de Hijras* que havia entrado na festa. Ela dizia que, por serem castradas, não tinham como ter filhos, então todo o amor delas ficava no coração.
Na hora pensei nos cães castrados. E acho que todos os donos de machos castrados concordam comigo: eles realmente ficam cheios de amor no coração! Não que seja pela expliação da novela, que não podem ter filhos a quem destinar este sentimento. Mas eles ficam mais dóceis, mais carinhosos, mais sociáveis.
Para mim, a castração também é um ato de amor do dono com seu cão. Esta semana voltaram a freqüentar a creche dois cães que foram castrados na semana passada, e já começamos a perceber a mudança no comportamento deles. Agora eles conseguem prestar mais atenção em nós, brincam mais, se interessam mais pela diversão. A almofada que antes servia para montar, agora é como um pula-pula. O brinquedo que era um poste para fazer xixi, agora é usado como playground mesmo. Enfim, acredito que a qualidade de vida deles só vai aumentar a cada dia.
*Os Hijras não são homens e nem mulheres, mas um terceiro sexo cuja existência é cercada de mistérios. Ninguém conhece muito muito bem seus rituais (quem inclui a castração). Vivem em pequenas comunidades, vestem-se como mulheres e, segundo conta sua história, podem abençoar ou amaldiçoar um nascimento ou um casamento. Quando eles chegam, com festa e música, a um evento, querem retribuição, prendas, pagamento. Quem não colaborar recebe uma praga que promete durar muitas gerações.
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